Saiba o passo a passo da montagem de um aquário marinho


No dia a dia, percebemos muita confusão na hora de montar um aquário, principalmente se este for de rochas vivas. Não se sabe exatamente o que colocar primeiro, quando e como acender as lâmpadas do tanque, que água usar e como misturar, etc... Pensando nisso é que decidi publicar uma matéria para ajudar a coordenar os movimentos do aquarista na hora de instalar o seu tanque. 



1° Passo : Comprar o Aquário

Parece óbvio, não? 
Sim, mas é o passo mais importante.
Você precisa saber o quê exatamente você quer : peixes; peixes e alguns invertebrados; peixes, corais e outros invertebrados.
Isto está diretamente relacionado ao sistema de filtragem que você irá usar e, ao custo do tanque. O sistema de rochas vivas é o melhor, mas também é o mais caro e complexo. Por este motivo, pode ser mais interessante ao aquarista adquirir o sistema dry-wet ou até o sistema de areia fluidizada por serem bons e mais econômicos se a preferência forem os peixes. Evite a todo custo o uso de sistemas de filtragem misturados, pois isso comprometeria a eficiência e perfeito equilíbrio do tanque.
Seja qual for o sistema, certifique-se de que está comprando a quantidade e qualidade de iluminação adequadas, um excelente skimmer (que é um dos principais equipamentos do aquário), uma quantidade e potência de bombas satisfatórias, sistema Jaubert com cascalho indicado para o sistema, caixa de circulação (se o sistema for de rochas vivas) ou dry wet (se este for o sistema escolhido) adequados, um móvel resistente com uma tampa para iluminação com cerca de 20cm ou mais, bem arejada para evitar aquecimento excessivo provocado pelas lâmpadas, aquário com boas dimensões e travado adequadamente para o sistema, 

2° Passo - Escolher o local ideal

Locais com boa ventilação, abrigados da luz direta do sol e sem vibração são os mais recomendados. 
Dependendo do sistema, procure pensar em esconder a parte de trás do tanque, evitando a visualização dos fios e outras coisas que podem ficar expostos na parte posterior.
Procure "enquadrar" o posicionamento do aquário da maneira desejada antes de colocar a água, pois caso contrário, dificilmente conseguirá acertá-lo devido ao peso excessivo.
Os quartos normalmente não são os locais mais indicados para a colocação de um aquário pois normalmente estes produzem pequenos ruídos que no silêncio da noite podem tornar-se um tormento para aqueles que possuem sono leve. Além disso, os refrigeradores produzem um certo calor que nos dias quentes podem fazer seu quarto virar uma estufa.
As salas, halls de entrada entre outros, são os locais mais indicados.
Os projetos desenvolvidos por arquitetos deve ter sempre a supervisão de quem entende de aquários, pois muitas são as vezes em que estes se esquecem das exigências do sistema, não deixando os espaços necessários para a montagem e desenvolvimento de um projeto adequado, obrigando o aquarista a "gambiarras" que certamente prejudicarão o perfeito andamento das coisas.

3° Passo - Testando o sistema

Com o aquário sobre o móvel, monte a parte hidráulica. Conecte os canos adequadamente usando sempre muito veda-rosca (teflon) para evitar vazamentos. Evite colar os canos para que no futuro, em caso de necessidade, as conexões possam ser soltas.
Se usar mangueiras, procure aquelas "sanfonadas" (tipo daquelas usadas em aspiradores de pó) pois as outras podem formar dobras impedindo a passagem da água, e lembre-se de, sempre que conectar uma mangueira a um cano, passe bastante veda-rosca e use abraçadeiras de aço inox para evitar que enferrujem.
Montado o sistema, encha totalmente o aquário e teste todas as bombas e verifique se existem vazamentos nas conexões. Deixe-o "rodando" por algumas horas. Ligue e desligue as bombas várias vezes para testar o sistema anti-retorno (se houver).

4° Passo - Colocando o Jaubert

A pior parte é lavar o cascalho, pois é um tanto quanto cansativo. Procure não esfregá-lo pois isso soltaria mais partículas e a água continuará com tom branco. Apenas pegue um balde, jogue um pouco do cascalho, encha e esvazie algumas vezes procurando apenas misturar um pouco para tirar o excesso de sujeira. 
Coloque as placas de maneira a cobrir a maior parte possível do fundo do aquário e em seguida o cascalho lavado.
Isto feito, pegue uma mangueira e jogue água (de torneira mesmo) com certa força sobre o cascalho, fazendo com que este misture-se. Com isso, certamente irão se soltar mais partículas brancas e de sujeira. Quando a água já estiver quase na metade, coloque outra mangueira para esvaziar o aquário, mas permaneça com a primeira enchendo. Desta forma, introduz-se água limpa e retira-se o restante de sujeira.
Quando perceber que a água que está ficando no fundo está bem limpa, desligue a mangueira e deixe esvaziar o restante de água.

5° Passo - Enchendo o Aquário
Sabemos que água de torneira e aquários marinhos não são feitos um para o outro. Procure, se possível, adquirir um deionisador, ou filtro de osmose reversa para que purifique sua água. Isso irá ajudar no combate às inevitáveis algas marrons (diatomáceas) e no equilíbrio mais rápido do aquário.
Como são muito lentos, devemos deixar estes aparelhos enchendo nosso aquário durante várias horas. É um pequeno sacrifício que compensa. Se for possível, procure contar os litros que estão entrando em seu tanque com auxílio de uma barrica ou galões para que haja maior precisão na hora de adicionar os elementos necessários.
Quando o aquário estiver totalmente preenchido, ligue todas as bombas. Deixe circulando e vá adicionando o sal aos poucos na quantidade necessária no local de maior movimentação para que haja uma dissolução mais rápida.
No dia seguinte, certifique-se que todo o sal já está dissolvido. Meça com um hidrômetro a densidade do aquário. Os níveis ideais estão entre 1.020 e 1.023. Aproveite a oportunidade para corrigir estes níveis.

6° Passo - Colocando as Rochas
Passadas 48 horas desde a última colocação de sal, adicione as rochas.
Estas devem estar tratadas, por isso, certifique-se que o lojista já o fez. As rochas não devem apresentar cheiro de ovo podre, mas uma leve fragrância de maresia. Não devem conter muitas esponjas ou outros invertebrados gosmentos, pois estes poderiam morrer com certa facilidade na fase inicial e contaminar sua água. Aliás, se as rochas não estiverem tratadas, sua água ficará preta e com cheiro insuportável de ovo podre. Os vizinhos vão notar e sua esposa vai adorar.
As rochas devem ser colocadas da maneira que bem entender, e lembre-se que não existem regras de quantidade por litro d'água. Se você entender que ficou bonito um tanque de 500 litros com 30 quilos de rochas, está tudo bem.
Aproveite este momento para ligar o(s) skimmer(s) e o carvão ativado.
O uso de Kalkwasser juntamente com água doce para completar a evaporação deve ser iniciado. Nesta fase não é tão importante que o chiller permaneça ligado, exceto se temperaturas excessivas forem constatadas.
É interessante que se faça um controle de reserva alcalina (2.8 a 3.2meq/l) com tamponadores e níveis de cálcio (350 a 400ppm) desde o início.

7° Passo - Acendendo as Luzes
Não devemos de uma hora para outra ligar as luzes de nosso aquário. 
Existem técnicas que mandam que o tanque fique no escuro por alguns meses e depois toda a água do aquário deve ser trocada para daí sim começarmos com nosso tanque. Bem... digamos que... é uma técnica interessante, mas praticamente ninguém usa.
Eu faço assim: depois de colocadas as rochas, começo com trinta minutos de luz azul e quinze de brancas. Daí uma semana, uma hora de azul e meia de brancas, e assim vou aumentando gradativa e sucessivamente até atingir nove horas de luz branca para onze de azul. Isto faz com que a quantidade de energia produzida pelas lâmpadas seja assimilada pelas algas do tanque, impedindo uma infestação incontrolável. O fato de o tanque pegar certa claridade natural durante o dia não é problema.

8° Passo - Adicionando Peixes
Com aproximadamente sete dias de funcionamento, embora ainda não esteja nas condições ideais, o tanque já pode receber alguma vida. Para quem tem mais paciência, é recomendável que aguarde cerca de quinze dias, mas aos apressadinhos, é permitido que se coloque o primeiro peixe. Procure por um peixe bem resistente e algueiro. Uma boa sugestão é o yellow tang, os blênios algueiros (evite o macaco nacional que é um pouco agressivo), centropige nacional ou outro algueiro resistente. Na fase inicial, por falta quase que absoluta de algas e outros bichinhos para comer, é importante alimentarmos em quantidades ínfimas, mas diárias.
O próximo peixe deve entrar após quinze dias desde a compra do primeiro. Se tudo correr bem, após mais quinze dias, compre mais um, e assim por diante. Lembre-se de evitar donzelas e outros peixes agressivos, deixando-os para o final. Devem ser sempre os últimos peixes a habitar um aquário. Como disse, nesta fase, é fundamental para um controle de algas que os primeiros peixes sejam algueiros. Introduza nesta fase, após vinte ou trinta dias desde a montagem do tanque, vários mini paguros ou turbo snails (cerca de um para cada seis litros de água). Adicione também os ofiuros para o sistema Jaubert (um para cada quinze litros em média).

9° Passo - Adicionando os Corais
A fase inicial é um pouco crítica. Oscilações de pH entre outros fatores são comuns e, portanto, estressante para a maioria dos corais e outros invertebrados. Por este motivo é recomendado esperar cerca de trinta dias para começarmos a adicioná-los. Mas é claro que muita gente já adicionou estes corais antes disso e não teve problemas. Nestes casos, os primeiros invertebrados devem ser os zoanthus, os Mushrooms e alguns soft corals como alguns Colts e Finger Leathers. Com o desaparecimento das diatomáceas e de eventuais algas filamentosas, comuns nessa fase, podemos ir adicionando mais corais e invertebrados. É imprescindível o uso do chiller em regiões quentes em que a temperatura ultrapasse os 27o C.

10° Passo - Testes e Manutenções Periódicas
Não há a necessidade de testar o aquário com muita freqüência, mas periodicamente isso é importante. Aconselho testes a cada quinze dias nos primeiros seis meses desde a montagem. Após isso, a cada trinta dias devemos efetuar todos para verificarmos algum problema.
Com o passar do tempo, se tornará muito difícil manter os níveis de cálcio, mas não se desespere. O importante é não deixar de adicionar tamponadores e cálcio sempre. Melhor manter os níveis baixos a adicionar produtos de maneira compulsiva, pois isso poderia causar problemas muito sérios. 
O Combisan (ou outros elementos usados separadamente como strôncio, molibdênio, iodo, ferro e elementos traço) deve ser adicionado após 2 meses desde a montagem do tanque para evitarmos problemas com infestações de algas. 
A primeira troca parcial deve ser efetuada caso o aquário apresente índice muito grande de algas verdes ou marrons, acompanhada de sifonagem e escovação. Cerca de 15 a 20%.
As demais trocas devem ser feitas conforme a necessidade, ou, por segurança, ao menos uma a cada dois meses de 15 a 20%.
As lâmpadas devem ser trocadas uma vez por ano, o copo e pescoço do skimmer limpo a cada quinze dias, o carvão trocado quando necessário (de um a quatro meses) e os vidros da frente e laterais limpos com limpador magnético de boa qualidade a cada três ou quatro dias.

Sérgio Gomes - matéria publicada na revista @qua em novembro de 1997

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